Pular para o conteúdo

Educação emocional

27/09/2010

Nossa sociedade, voltada para a produtividade, a objetividade e a racionalidade, deixa em segundo plano as emoções, a subjetividade e nosso mundo interior.

Aprendemos na escola a sermos organizados, a resolver problemas concretos e racionais, a sermos eficazes e eficientes. Mas geralmente não aprendemos a observar atentamente nossas emoções e expressar claramente nossos sentimentos.

Mesmo a educação que recebemos de nossa família raramente nos orienta a olharmos profundamente para nosso interior a fim de descobrir nossos sonhos e desejos mais íntimos e abraçá-los como objetivo de vida que nos trará felicidade.

Em geral somos orientados a ver a felicidade como algo que virá automaticamente se seguirmos um “script” já traçado pela sociedade. Neste script, a prioridade é ganhar dinheiro: conseguir um bom trabalho que nos possibilite adquirir bens materiais e oferecer uma vida confortável para nós mesmos e nossa família.

Crescemos aprendendo que TER e FAZER são coisas mais importantes do que SER e SENTIR. Então nossos sentimentos e quem realmente somos acabam ficando escondidos em meio ao nosso dia a dia de produtividade e busca de sucesso material.

Vários problemas psiquiátricos, psicológicos e emocionais encontrados hoje em dia são ocasionados pela falta de auto-conhecimento e de atenção às nossas emoções e necessidades internas.

Quando não damos atenção a uma emoção, quando nem ao menos percebemos o que estamos sentindo ou então tentamos esconder nossas emoções e não as expressamos, é bastante provável que comecemos a desenvolver algum tipo de tensão e ansiedade.

Se essa ansiedade persiste, ela pode se tornar estresse, com vários sintomas físicos, como dores de cabeça, tensão muscular, problemas digestivos, insônia ou excesso de sono, doenças relacionadas com o sistema imunológico, como gripe, herpes, ou outras infecções ocasionadas por vírus oportunistas, etc.

A ansiedade em excesso pode também se transformar em algum transtorno de ansiedade: transtorno do pânico, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de ansiedade generalizada. Ou pode ser o início de uma depressão ou outros problemas psicológicos e psiquiátricos.

Para termos uma vida mais plena, com mais felicidade e realização pessoal, é necessário equilibrarmos nossas necessidades externas (físicas, materiais) e nossas necessidades internas (auto-conhecimento, emoções).

Muitas vezes temos que passar por uma verdadeira “reeducação emocional”, aprendendo a perceber, expressar e lidar com nossas emoções, em vez de ignorá-las ou tentar sublimá-las, como talvez tenhamos feito durante toda nossa vida.

Isto nem sempre é fácil, e a psicoterapia pode ajudar neste processo de descoberta de nós mesmos.

A psicoterapia nos ajuda a enxergar e entender melhor nossos desejos e necessidades internas, nossos medos e angústias, e a lidar melhor com eles. Nos ajuda a perceber e nos relacionar melhor com as situações e as pessoas ao nosso redor. E nos ajuda a perceber que somos responsáveis por nossa própria vida e temos a capacidade de transformá-la para viver cada vez melhor.

11 Comentários leave one →
  1. Rogerio permalink
    27/09/2010 10:16 PM

    ola Sandra, parece muito a realidade em que vivemos, nao?!
    essa parte da descoberta TER e FAZER do que SER e SENTIR,
    e muito importante para nos.
    estou descobrindo outros mundos, como o subconsciente, em que
    se trata de varios assuntos interessantes, se puder, a outra materia
    poderia ser sobre isso.
    continue sempre assim!

    abs

    • 04/10/2010 3:45 PM

      Olá Rogério,
      Obrigada pelo comentário e pela sugestão!
      Vou escrever sobre o subconsciente sim.
      Abraços,
      Sandra

  2. elisabete permalink
    27/09/2010 11:27 PM

    OI SANDRA,acredito em tudo isso,mas a teoria e diferente da pratica,a maneira como a gente retrata os sentimentos, mais ainda sendo sincera muitas vezes e mal interpretado,ou bem conforme a conveniencia so conseguimos realmente retratar o que pensamos,quando encontramos amigos de verdade ou pessoas capacitadas como voce,obrigado por tudo. BETI

  3. Patrícia permalink
    28/09/2010 12:06 AM

    Oi San, ótimo texto. Só tenho um ponto a acrescentar: nossa subjetividade e o que é subjetivo em nossa vida, na sociedade em que vivemos, é tratada também como um bem material. É como se precisássemos materializar nossas emoções em bens de consumo e, assim, nos vender neste mundo materialista como pessoas e profissionais bem ajustados, saudáveis e que sabem lidar com quaisquer situações e adversidades. Isso gera uma pressão tão absurda q implodimos.
    Bom… estou compartilhando o que tenho lido pra montar meu projeto de mestrado. Estou tentando trabalhar a questão do imaterial e material, no caso, a informação e conhecimento que cada pessoa possui tem sido transformado em produto de consumo nessa sociedade capitalista pós-industrial e pós-moderna em que vivemos. Esse tipo de ação destrói o que temos de mais particular e singular: nossa individualidade.
    Mas San… isso daria um livro e, no meu caso, uma dissertação de mestrado. Só me adianto que o que você escreveu é muito real. Legal compartilhar seus pensamentos e não transformá-lo em produto… hahaha!

    • 04/10/2010 4:00 PM

      Olá Paty,
      Você tem razão. Nossa subjetividade é também “coisificada” na sociedade em que vivemos, e somos pressionados a estar sempre bem emocionalmente. Isso nos faz reprimir sentimentos “ruins” que acabam implodindo em doenças físicas ou psicológicas/emocionais. Paradoxalmente, aceitar e lidar com nossas emoções “ruins” é o que nos traz saúde emocional!
      Muito interessante seu projeto. Dará uma ótima dissertação de mestrado!
      Beijos,
      Sandra

  4. Talita permalink
    28/09/2010 5:46 AM

    Oi Sandra!
    Realmente, ter e fazer é muito mais valorizado que ser e sentir, infelizmente. E desse jeito, a gente acaba caindo na armadilha do viver para trabalhar, e acredito que é aí que surgem a maioria das nossas doenças (já vivi isso, e luto pra não viver de novo).
    Fiquei aqui viajando, e pensei que, de uma maneira mais indireta, isso pode se inserir num contexto maior, que é viver o presente. Se pensamos em viver o presente, de algum modo, a gente acaba vivendo menos pelo ter e fazer…
    Muito bom seu texto!
    Beijos e boa semana!

    • 04/10/2010 4:16 PM

      Olá Talita,
      Concordo com você! Nos concentrar em VIVER O PRESENTE é uma ótima maneira de dar mais atenção às nossas necessidades internas e focar mais no SER e SENTIR!
      Beijos,
      Sandra

  5. Yuri permalink
    29/09/2010 5:43 AM

    Que post interessante! Me fez pensar sobre os vai-e-vens da auto-percepção durante a minha vida. Como em certas épocas minha atenção esta mais voltada para dentro e outras para fora… Ler o texto me fez voltar para dentro e pensar no SER e SENTIR. Interessante como nossa percepção muda quando nos tornamos cientes de algo que estávamos ignorando.
    um beijo.

    • 04/10/2010 5:15 PM

      Olá Yuri,
      Fico feliz que o texto tenha feito sua percepção se voltar mais para dentro de você mesmo!
      Beijos,
      Sandra

  6. 29/09/2010 2:22 PM

    Ola Sandra. Sua iniciativa é muito bem-vinda. Que seus textos nos estimulem, nos encoragem e nos encaminhem para o auto-conhecimento, porque realmente é o que mais precisamos hoje em dia.

    Fugimos de conflitos e problemas para continuar acreditando no pouco que sabemos sobre nossa pessoa. Mas não tem escapatória. Uma hora, a situação vem de frente e mostra o grau da nossa fraqueza, da nossa intolerância, do nosso orgulho, da nossa vaidade, da nossa inconsciência, ingenuidade…

    Já percebi que o auto-conhecimento é um processo doloroso, sim. Talvez, por isso, muitos recorram aos produtos da auto-ajuda para aliviar um pouco o peso de tudo. Mas penso que TER, FAZER, SER e SENTIR são verbos que coexistem e são positivos, independente da intensidade. O problema, na minha opinião, é o verbo ESTAR. Esse, sim, é o perigo. Simplesmente ESTAR no problema e FICAR com dó de si mesmo.

    Tem muita gente que acredita que na vida uns ganham enquanto outros perdem, o que acho uma ilusão cultural. Na vida, todos ganham. Uns mais, outros, menos. Basta viver, não é mesmo ?

    Um grande abraço,

    Alex

Deixe um comentário