Sobre rótulos e julgamentos
(Música de Ruth Bebermeyer)
Nunca vi um homem preguiçoso;
já vi um homem que nunca corria
enquanto eu o observava, e já vi
um homem que às vezes dormia
entre o almoço e o jantar, e ficava
em casa em dia de chuva;
mas ele não era preguiçoso.
Antes que você me chame de louca,
pense: ele era preguiçoso ou
apenas fazia coisas que rotulamos de “preguiçosas”?
Nunca vi uma criança burra;
já vi criança que às vezes fazia
coisas que eu não compreendia,
ou as fazia de um jeito que eu não planejara;
já vi criança que não conhecia
as mesmas coisas que eu;
mas não era uma criança burra.
Antes de chamá-la de burra,
pense: era uma criança ou
apenas sabia coisas diferentes das que você sabia?
Procurei quanto pude,
mas nunca vi um cozinheiro.
Já vi alguém que combinava
ingredientes que depois comíamos,
umas pessoa que acendia o fogo
e cuidava do fogão que cozinhava a carne.
Vi todas essas coisas, mas não vi cozinheiro.
Diga-me o que vê:
você está vendo um cozinheiro ou alguém
fazendo coisas que chamamos de cozinhar?
O que alguns chamam de preguiçoso
outros chamam de cansado ou tranqüilo;
o que alguns de nós chamamos de burro
para outros é apenas um saber diferente.
Então cheguei à conclusão
de que evitaremos toda confusão
se não misturarmos o que podemos ver
com o que é nossa opinião.
E, por isso mesmo, também quero dizer
que sei que esta é apenas minha opinião.
(Do livro “Comunicação Não-Violenta: Técnicas para Aprimorar Relacionamentos Pessoais e Profissionais”. Marshall Rosenberg. Editora Ágora.)
Muito bom Sandra. Boa reflexão. Bjos